quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

« Eu q'ria ser o Mar ingente e forte
O mar enorme, a vastidão imensa...
Eu q'ria ser a árvore que não pensa
Que ri do mundo vão e até da morte...

Eu q'ria ser o Sol, irmão do Mar
O bem do que é humilde e pobrezinho
Eu q'ria ser a pedra do caminho
Que não sofre a tortura do pensar...

Mas o Mar também chora de tristeza,
E a árv're também como quem reza
Levanta aos céus os braços como um crente!

E o Sol cheio de mágoa ao fim de um dia,
Tem lágrimas de sangue na agonia,
E as pedras, essas, pisa-as toda a gente... »

Florbela Espanca,
Livro de Mágoas

Nenhum comentário: