As horas passavam graves pela couraça da lua
E a chuva engordava o chão já seco, aquela terra enxuta,
A que tinha prometido voltar um dia
Molhando-a, devolvendo-lhe a greda...
Voltou.
À boleia do outono e do mês de Outubro,
Um ano depois voltou,
À mesma paragem,
Na mesma data.
Trajava também com a mesma vestimenta,
Mas mais gasta, algo rota,
Empoeirada,
Suja.
As mangas de pele mais claras,
Manchadas.
O colarinho negro.
Os velhos jeans pardos
E os sapatos já sem atacadores.
Indubitavelmente
Aquela figurinha era a mesma de outrora.
Parecia haver passado uma eternidade
Desde a última vez que aqui tinha estado...
Eternidade andante e vagabunda,
À mercê da candura da Alma idolatrada.
Meses em que, sem amor,
Abalou na espera,
Numa demora agonizada,
Uma promessa
Que nem o seu Deus entendeu.
Voltou hoje como quando partiu,
Apenas mais rota e mais suja,
Mais gasta e mais empoeirada.
A promessa, essa, de nada lhe valeu...
TARZOA.
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